Matilda Rapaport – Reprodução.

Talvez quem não seja ligado ao esqui competitivo ou ao universo das atividades ao ar livre nunca tenha ouvido o nome da esquiadora sueca Matilda Rapaport. Já quem faz parte de uma ou das duas comunidades certamente sabe quem ela é, já acompanhou ao vivo ou em vídeos algumas de suas aventuras radicais e sabe o quanto se esforçou para conquistar seu espaço de forma corajosa num esporte dominado por homens.

Campeã na modalidade freeride, realizando descidas de montanhas cobertas de neve com maestria, despertou a atenção da Red Bull e de outras marcas ligadas a esse esporte e com os patrocínios recebidos conseguiu consolidar sua carreira de atleta.

Porém, há um detalhe que não pode ser ignorado: toda atividade radical como essa traz riscos de acidente e de avalanche, que sempre rondam seus praticantes, fazendo com que a mistura entre medo, adrenalina e até mesmo dificuldade em acreditar que algo sério realmente vá acontecer sirva como combustível para manter essas pessoas ativas, realizando manobras, saltos e piruetas sempre em busca da superação, do melhor lugar no pódio e das recompensas financeira, social e no mundo esportivo.

E foi num desses momentos no qual a natureza mostrou como sua força pode vencer a habilidade, que infelizmente a campeã Matilda encerrou precocemente sua carreira na estação de Farellones, nos Andes chilenos. Sem conseguir fugir de uma avalanche, foi coberta pela neve e ficou soterrada por uma hora e meia. Embora tenha sido resgatada com vida, ficou tempo demais sem a quantidade necessária de oxigênio para manter seu cérebro funcionando de forma efetiva e, depois de alguns dias internada numa UTI, morreu no último dia 18 aos 30 anos de idade.

Como gosto muito de assistir a eventos de esqui e de snowboard, fiquei sentida com a morte de Matilda, que acontece apenas três meses depois do acidente – também com avalanche – que vitimou a atleta suíça de snowboard Estelle Balet de apenas 21 anos (veja aqui).

Abaixo, dois vídeos (em inglês) com Matilda. Em ambos, sua fala é mesclada com tomadas incríveis de suas performances na montanha e ela fala sobre seus treinos, sobre suas experiências e também sobre seus medos. O segundo vídeo, inclusive, mostra como ela foi atingida por uma avalanche no Alasca em 2014, mas conseguiu sair sem grandes problemas, restando apenas o susto. Nele, ela também sonha em continuar esquiando por prazer mesmo aos 80 anos…

R.I.P., Matilda.

Texto: Amandina Morbeck
(saiba sobre mim aqui)