Momentos em que realmente precisamos ser ajudados

Publicado em por Amandina Morbeck em Cotidiano
Momentos em que realmente precisamos ser ajudados - Foto: Amandina Morbeck.

Passarinho embrulhado na esteira durante o resgate (rs) – Foto: Amandina Morbeck.

Comecei o dia hoje com minha rotina normal: levantar, admirar a paisagem, fazer a higiene pessoal, preparar café, alimentar as cachorras, abrir o notebook, ler notícias em alguns portais, bizuiar rapidamente o Facebook e começar a trabalhar.

Tem dias que o começo do meu dia inclui a corrida ou o pedal – às vezes, isso é feito na parte da tarde. A maior parte do meu tempo é gasto em meus trabalhos ao computador e em leitura, mas também divido minhas horas fazendo, por exemplo, coisas na casa (pintura, envernizamento, limpeza de vidros – portas, janelas, painéis – arrumação de lenha para lareira e para o fogo de chão, onde fazemos fogueira ao ar livre etc.), lavando vasilhas, indo às compras, visitando amigos  e por aí vai.

Há algumas semanas, criei meu website pessoal e, depois de vários ajustes, que terminei esses dias, me comprometi a escrever mais regularmente (algo que amo de paixão) para publicar nele. Então, sentei aqui hoje e me preparei para isso. Dei uma olhada para fora antes, para admirar essa linda paisagem da Serra da Mantiqueira que nunca me cansa, e voltei minha atenção ao monitor para iniciar o post. Já tinha escolhido o tema quando, de repente, um barulho na varanda chamou minha atenção. Vi as cachorras cheirando um dos toldos que protegem aquela parte da casa da chuva e do vento e parei para prestar atenção. De repente, um passarinho bateu na porta de vidro.

Levantei de um salto e fui até lá. A varanda não é grande. Os toldos, em L, protegem uma lateral e parte da fachada da frente da casa e na outra lateral fica a porta de vidro. Saí por ela e o passarinho começou a voar de um lado para o outro, batendo ora no plástico do toldo, ora no vidro da porta. Tentei pegá-lo para que não se machucasse, mas ele estava naturalmente assustado e continuou a voar no pequeno espaço, até que consegui envolvê-lo numa esteira pequena. Primeiro, ele se debateu, mas depois ficou quietinho, piscando os olhos rapidamente.

Esperei que ele sossegasse um pouco, o levei para fora da casa, abri a esteira e deixei que ele sentisse que, se conseguisse, poderia voar. Ele ficou quieto, respirando rapidamente e piscando até que, de repente, se mandou.

As cachorras, que ficaram vendo a operação, também acompanharam o voo dele com o olhar. Voltamos aos nossos afazeres. Sentei de volta para continuar escrevendo, mas aí não vi sentido em manter o post que eu havia começado porque esse passarinho me fez querer mudar de assunto.

Comecei a pensar em como, em alguns momentos da nossa vida, tudo o que nós, seres humano, também precisamos é de ajuda, mas por não percebermos isso ou por nos acharmos autossuficientes ou por termos medo de quem se aproxima de nós, ficamos nos debatendo e nos machucando desnecessária e seriamente.

Aquele passarinho poderia ter chegado ao ponto de não conseguir voar mais; ele poderia ter morrido, dependendo da velocidade com que atingisse o vidro. Já vi isso acontecer aqui também, infelizmente. Mas em poucos minutos, mesmo que inicialmente parecendo uma ameaça, consegui contê-lo e ajudá-lo a continuar a viver.

Então, fiquei pensando em mim e nos momentos em que me debati assim. Talvez não tenha percebido, em tantos deles, que tinha com quem contar, que não precisava ter mais medo, que podia acalmar, descansar, relaxar, recuperar minhas forças para continuar.

Espero ter clareza nesses momentos de fragilidade para perceber quem está ao meu redor. Porque para todos nós, há momentos em que realmente precisamos ser ajudados. E a contrapartida também é verdadeira: há momentos em que também precisamos ajudar. Só que para a maioria é mais fácil oferecer ajuda do que pedi-la ou aceitá-la quando espontaneamente oferecida.

Texto: Amandina Morbeck
(saiba sobre mim aqui)

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