Como a internet te enganou em 2015

Publicado em por Amandina Morbeck em Cotidiano

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O artigo “Como a internet te enganou em 2015” foi escrito em inglês pela jornalista da BBC Diana Rusk e publicado em 27/12/2015. Nele, ela mostra como é importante checar a veracidade das imagens que são divulgadas/compartilhadas nas mídias sociais.

Falsas informações – sejam por meio de textos, de fotos ou da fala – são compartilhadas o tempo todo. Eu tenho muito cuidado com aquilo que compartilho e sempre procuro checar fontes e veracidade daquilo que está sendo divulgado. O fato de um artigo, por exemplo, trazer nome de “cientista” ou de “pesquisador” não é garantia de nada; muitas vezes, o tal ser nem existe ou é charlatão.

Por achar esse ponto muito relevante, num mundo no qual qualquer pessoa pode se passar por um expert e qualquer imagem pode ser retirada das zilhões publicadas na internet, traduzi o texto dela para que você também fique mais atento(a) àquilo que encontra na rede.

Boa leitura!


Como a internet te enganou em 2015

Foi mais um ano cheio para jornalistas desmascararem fotos falsas ou enganosas nas mídias sociais.

Diana Rusk – BBC

Em 2015, muitas fotos e muito vídeos viralizaram, alguns por todas as razões erradas.

Houve criações deliberadamente falsas para enganar o público e também houve compartilhamento de imagens enganosas, geralmente durante situações de catástrofes, que não tinham nada a ver com a história.

Você foi pego por alguma dessas?

Foto tocante compartilhada durante o terremoto no Nepal

Artigo: Como a internet te enganou em 2015.

Foto: Na Son Nguyen.

Essa foi uma das fotos mais compartilhadas logo após o terremoto no Nepal em abril. Ela não é falsa, mas é enganosa, de qualquer forma.

Com a legenda: “Uma irmã de dois anos protegida por seu irmão de quatro anos no Nepal”, foi compartilhada no Facebook e no Twitter e incentivou os pedidos de doação.

Na verdade, a foto foi tirada numa vila remota do Vietnã em 2007.

“Essa talvez seja minha foto mais compartilhada”, afirma o fotógrafo Na Son Nguyen, “mas no contexto errado”.

Vídeo de uma piscina durante o terremoto no Nepal

Artigo: Como a internet te enganou em 2015.

Imagem do vídeo publicado por Toon Creation no YouTube.

Também durante o terremoto, um vídeo foi publicado no YouTube e no Facebook como se tivesse sido capturado de uma piscina num hotel em Kathmandu.

Ele foi usado pela mídia internacional para mostrar os efeitos do pior terremoto no país em 81 anos. Só que esse vídeo é antigo, possivelmente de 2010, de um terremoto no México.

Os dados da gravação foram alterados, mas as pessoas ainda o reconheceram, com um usuário do YouTube alertando: “Eles desenterram esse vídeo sempre que acontece um grande terremoto”.

Muitas imagens enganosas foram compartilhadas durante a crise, inclusive um vídeo de um prédio desintegrando que era, na verdade, do Egito.

E talvez um sinal de como onipresentes essas imagens podem ser foi mostrado na retrospectiva de vídeos do ano do Facebook.

Imigrante que postou seu trajeto à Europa no Instagram

Como a internet te enganou em 2015.

Reprodução via Instagram: Tomas Pena.

Fotos incríveis que parecem mostrar um homem registrando sua jornada do Senegal à Espanha surgiram no Instagram durante o verão [junho a setembro].

Os selfies de Abdou Diouf, do Dacar, tornaram-se um hit na internet, conquistando milhares de seguidores e muitos comentários encorajadores.

No entanto, surgiu algum ceticismo sobre o uso que fazia de improváveis hashtags, como #InstaLovers e #RichKidsofInstagram e, realmente, descobriu-se que era uma elaborada campanha de marketing para um festival de fotografia no norte da Espanha.

Refugiado posando como soldado do estado islâmico?

Como a internet te enganou em 2015.

Reprodução via Facebook.

No meio da crise com refugiados e imigrantes, um conjunto de fotos do antes e do depois começaram a se espalhar pelo Facebook.

“Lembra desse cara? Posando em fotos do estado islâmico ano passado, agora ele é um refugiado” – escreveu uma pessoa.

O homem na foto foi identificado como Laith al-Saleh, um ex-comandante do Exército de Libertação Sírio, um grupo de rebeldes moderados opositores do presidente sírio Bashar al-Assad. Ele fugiu da Síria e chegou à Macedônia em agosto de 2015.

Depois de saber da verdade, o homem que a compartilhou pediu desculpa.

Foto do grupo Eagles of the Death Metal num show

Como a internet te enganou em 2015.

Reprodução via Facebook/Eagles of Death Metal.

À medida que as notícias dos ataques em Paris, em novembro passado, eram divulgadas, à confusão em torno da história foi adicionada uma série de rumores e de imagens enganosas.

Um caso particularmente sério foi essa foto, completa e imprecisamente rotulada nas mídias sociais como se mostrasse o público no teatro Bataclan pouco antes de os atiradores começarem a atacar.

Na verdade, a foto é de um concerto anterior no Olympia, em Dublin [Irlanda], e foi postada na fan page da banda no Facebook um dia antes do ataque.

Ruas vazias em Paris

Como a internet te enganou em 2015.

Reprodução via Twitter.

Amplamente retuitada, essa foto pretendia mostrar as ruas vazias em Paris após os ataques suicidas com bombas e com armas.

Só que ela é de um projeto chamado “Silent World”, no qual se usam truques de fotografia para imaginarmos como as cidades ficariam no fim do mundo.

#YouAintNoMuslimBruv – Cartaz no metrô

Como a internet te enganou em 2015.

Reprodução do Twitter.

Quando um homem supostamente esfaqueou três pessoas numa estação de metrô londrina em dezembro, um espectador gritou “You ain’t no muslim, bruv” [“Você não é muçulmano, irmão”] e nasceu uma hashtag.

Uma das imagens mais retuitadas mostrou uma foto inspiradora de um cartaz no metrô londrino incluindo a hashtag. Sadiq Khan, candidato a prefeito de Londres, estava entre os que a compartilharam.

Infelizmente, enquanto o sentimento era verdadeiro, o cartaz era falso. Parece que foi criado a partir de um aplicativo gerador de banner.

E finalmente… o extremo ato de vingança de um marido

Artigo: Como a internet te enganou em 2015.

Imagem do vídeo publicado por derjuli no YouTube.

A história de um alemão divorciado que, em junho, serrou todos os bens pela metade e os colocou à venda, enganou muitas pessoas – inclusive algumas na mídia. O leilão no eBay foi real, mas não a história.

Depois que o vídeo viralizou, com uns 4,5 milhões de visualizações no YouTube, a Associação Alemã de Bares se apresentou e admitiu que inventou tudo como parte de uma campanha de marketing.

Algumas vezes, você tem que fazer as coisas pela metade, eles sugeriam.

(Artigo original em inglês: http://www.bbc.com/news/world-35051618)

Amandina Morbeck

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